09 janeiro 2012

Intervenção urbana [ou interações]

Hoje gostaríamos de apresentar o trabalho de uma desenhista lá de São Lourenço do Sul. 
       Estudante de Artes Visuais na Universidade Federal de Pelotas, Melissa Westphal  cresce para se tornar uma artista e ilustradora profissional. Conheci-a através do site da revista Zupi em sua participação em uma série como essa. Logo entrei em contato e ela, muito simpática, respondeu algumas peguntas que vamos compartilhar com vocês. Vejam:



De onde veio a vontade de desenhar? Alguém da sua família era desenhista?
       Não posso negar que tive influências da minha família, afinal cresci assistindo minha mãe pintar guardanapos de cozinha e meu irmão fazendo desenhos arquitetônicos. Porém isso não quer dizer nada, porque sabemos que ‘em casa de ferreiro o espeto é de pau, né’. Hehe. Portanto a família foi mais como uma referência mesmo, porque no fim... tudo que eu sei, eu aprendi meio que por conta própria ou estudando.
           A vontade de desenhar surgiu quando eu era criança, eu admirava demaaaais quem sabia desenhar e já pensava: “um dia quero ser que nem essas pessoas, quero desenhar bem”. Mesmo eu não sabendo desenhar (juro que nunca tive o dom pra desenho, nunca mesmo), o que importava é que eu queria tentar, queria aprender e isso bastava.
          Agora acredito que existiu um fato que marcou muito meu interesse pelo desenho, ele foi o ‘gatilho’ de toda essa história. Quando eu tinha uns 13 anos, dois graffiteiros da minha cidade foram até minha escola e estavam desenhando nos cadernos da gurizada. Eu, no auge da minha timidez típica da adolescência, criei coragem e pedi pra um deles me fazer um desenho também. Eu achei aquilo tão foda! Me marcou demais o fato dele conseguir fazer ali em 5, 10 minutos um desenho tão incrível, um desenho só meu.. um desenho que já era pra mim um troféu. Naquele dia eu entendi o significado da palavra ‘inspiração’. Cheguei em casa empolgadíssima, peguei uns lápis e papéis e meti a cara nos desenhos. Ali eu percebi como a ilustração mexia comigo, como era algo que fazia parte de mim.



Sobre as intervenções urbanas, de que forma você acredita que elas chegam às pessoas que as vêem?

         Não faz muito tempo que eu venho desenvolvendo as intervenções urbanas, por isso ainda estou na fase de aprimoramento dessa idéia.  Eu gosto de chamá-las de ‘interações urbanas’, acho que o significado de ‘interação’ corresponde melhor com as coisas que eu ando fazendo.
          Pra mim a parte mais legal dessas interações é o fato de que eu tenho em mãos o poder de mudar o cotidiano das pessoas, mesmo que seja por 1 minuto ou 1 segundo, não importa. Eu acho extraordinário andar pela rua num dia normal e encontrar algo que foge da tua rotina, algo feliz, ou que te faça refletir. Não procuro fazer uma intervenção muito chamativa, gosto da idéia de que só alguns perceberão aquilo, é como se eles fossem os escolhidos p/ contemplar aquela arte. Gosto de pensar que eu posso roubar um sorriso de uma pessoa que eu nem conheço, ou até mesmo um ‘aawwwnn, que fofo’. Hehe
           Para os outros, isso tudo pode ser uma grande bobagem, coisas sem utilidade nenhuma. Mas pra mim é importante e tem me deixado muito contente nos últimos tempos. :D


Defina sua arte em uma palavra.

        Essa é difícil.. como vocês já perceberam eu gosto muito de falar/escrever. Haha. Daí me pedir pra definir algo em UMA SÓ palavra é uma missão quase impossível. Hehehe.
       Mas vamos lá.. amanhã ou semana que vem pode ser outra palavra, mas agora, nesse momento a palavra que define meu trabalho é FELICIDADE. Tanto no sentindo das expressões dos meus desenhos, quanto na fase que passo em relação a tudo de bom que vem acontecendo. 


Há algum desenhista, ilustrador ou qualquer outro artista que lhe inspira ou inspirou?
Ah, existem muitos! Mas listarei os que mais me inspiram no momento:
Mulheres Barbadas.
Apesar desse nome.. eles são dois homens que ilustram. Hehe. Acho bom demais o trabalho deles! E estão super atuais no cenário da arte/ilustração contemporânea.
Aqui tem o link deles no vimeo, onde tem vários vídeos deles desenhando. É bem empolgante: http://vimeo.com/mulheresbarbadas/videos

Marcio Moreno.
Conheci ele através desse vídeo super/hiper/mega inspirador: http://vimeo.com/19052736

Flavio Samelo.
Bom, esse guri aí eu conheci no pixel show em Poa e foi a palestra mais incrível que eu já vi na minha vida! Sério, pra mim ele é um dos caras mais fodões que existe! Vejam esse vídeo dele e entenderão do que eu falo: http://vimeo.com/3159235

 Agora listarei as gurias que me inspiram. Eu gosto muito de acompanhar o trabalho de artistas/ilustradoras.. porque é mais comum a gente ver homens sendo reconhecidos nesse meio... e nós gurias, precisamos mostrar nosso talento para o mundo! Hehe
Pum Pum.
Ela é uma artista argentina que eu conheci não faz muito tempo. Mas curto e me identifico muito com o trabalho dela!

Carla Barth.
Apesar do traço dela ser bem diferente do meu, eu gosto dela como artista. Esse vídeo mostra um pouco como ela é:  http://vimeo.com/21859299

Samanta Flôor.
Ela é mais da área dos quadrinhos e eu acompanho o trabalho dela faz um tempo já e adoooooro demais! É incrível a capacidade dela de desenhar, e como com um simples traço ela consegue fazer uns desenhos legais pra caramba! Sou super super fã dela! :D
Muito Obrigada pela entrevista, diga algo para aqueles que têm esse dom de desenhar e pensam que não podem mudar o mundo com isso.
          Primeiramente vou te contrariar um pouco... não acho que só os que possuem o dom do desenho podem desenhar. Como já falei antes, eu nunca soube desenhar, mas eu gostava de desenhar e isso que importou. Desenho é uma questão de treino, quanto mais tu desenhar, mais teus desenhos ficarão bons. Outro fator importante é que hoje em dia não é preciso saber fazer desenhos realistas, a personalidade e o traço único de cada um é bem mais valorizado do que uma cópia fiel de uma natureza morta, por exemplo. Não estou desmerecendo quem sabe desenhar uma natureza morta, já que eu invejo os que conseguem.. porque eu não consigo. Hehe. Mas digo no sentindo de usar teu tempo pra desenhar o que tu gosta e não o que os outros gostam ou acham bonito. Tu tem que gostar do que tu faz, se tu gosta... os outros uma hora vão aceitar e começar a gostar também.
          Tenha força de vontade e não tenha medo do papel branco na tua frente, não fuja dele, encare-o. Tu só vai aprender aprimorar teu traço se tu desenhar. Às vezes é frustrante, mas depois de algumas tentativas a recompensa chega.
          Vão em frente, acreditem em vocês. Acreditem que pode dar certo e que vocês podem pelo menos tentar, e se errarem... não se preocupem, afinal o erro é a prova de que vocês estão tentando. Sejam otimistas, uma hora vai dar certo, e quando tu perceber as coisas estão se resolvendo ao teu favor. É exatamente como disse o Flavio Samelo naquele vídeo que eu recomendei: “Se você acredita em você, seu sonho vira verdade, e não é mais sonho. Daí você vai ver que o que você sonhar... é verdade. Se você quiser que seja.”
           É isso aí galera! Super agradeço a oportunidade e espero ter inspirado vocês!
   Quem quiser entrar em contato comigo e ver meus trabalhos, aqui estão meu flickr: www.flickr.com/melissa_westphal

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Ficamos por aqui! Acompanhem o trabalho da Melissa e esperamos que com essa postagem estejamos divulgando mais o trabalho dela. 
Abraço!

Um comentário:

  1. A Mel é super talentosa mesmo, fico completamente admirado com os seus desenhos,mega coloridos, tão "vivos" que as vezes só faltam falar. d+ mesmo. bejo Mel :*

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